É natural que, ao escutarmos o relato de uma pessoa, façamos algumas pontes com as histórias pelas quais passamos. Afinal, enxergamos o mundo através de nossas lentes. São nossas experiências que dão forma a como agimos e interagimos.
E quando escutamos algo que nos mobiliza, pode ser que surja a tentação de contar uma das histórias que lembramos. Com toda a boa intenção do mundo, em querer dizer “eu entendo você”, “eu me conecto com o que você está passando”, por termos passado algo que, para nós, se assemelha com o relato, começamos a voltar a atenção para nós mesmos. Por mais que isso possa representar para nós uma expressão de empatia pelo outro e nos conectarmos, pode ser que chegue para ele como uma invizibilização de sua experiência.
Felizmente, ao exercitar diariamente nosso músculo da empatia, temos condições de fazer escolhas mais conscientes de como queremos agir diante das histórias que a todo tempo escutamos. Começamos a aprender a respirar fundo antes de, automaticamente, sair disparando nossas histórias como melhor estratégia para se empatizar com o outro.
Com o tempo, é possível suspendermos esta vontade louca de falar sobre nós e nos permitirmos estar presentes e acompanharmos o outro no relato que ele traz. Conseguimos estar presentes a partir da escuta e, antes de tudo, buscar mais compreensão sobre aquilo que escutamos. Quem sabe, compreender quais necessidades estão presentes para a pessoa diante desta situação.
Pode ser que em algum momento a pessoa mesmo deseje ouvir alguma história nossa, nos perguntando se já passamos por isso. Talvez a gente descubra que ela busca apoio para encontrar estratégias para lidar com isso e escutar nossa experiência é algo que funcione para ela neste momento.
Pode ser também que essa vontade de contar nossa experiência fique sussurrando em nossos ouvidos. Então, ao invés de sair contando o que aconteceu conosco, podemos verificar se a pessoa está a fim de escutar a nossa experiência. E lembrar que ela tem o direito de dizer não, que não precisa ‘se forçar a aceitar’ só porque sentimos vontade de falar. Assim, exercitamos também o respeito ao direito do outro dizer não.
Talvez isso tudo pareça estranho diante da forma cotidiana de nos relacionarmos. E, de fato, talvez o seja mesmo.
Numa sociedade onde ser protagonista significa tomar a frente de tudo e agirmos ativamente, acompanhar e escutar, dando espaço, potência, voz e protagonismo para o outro, é uma grande revolução.
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