Imagem: Apprentie Girafe | Tradução da imagem: Marina de Martino
Você já pensou ou falou alguma frase que começa com “Eu tenho que…”?
Como foi a continuação da frase?
- Eu tenho que levantar cedo para trabalhar.
- Eu tenho que levar as crianças na escola.
- Eu tenho que responder os e-mails de clientes.
- Eu tenho que tomar esse remédio ruim.
- Eu tenho que mudar meus hábitos.
Quanta coisa a gente “tem que” fazer nessa vida, né?
De fato, todos estes exemplos (e tantos outros que talvez tenham passado por sua mente) são ações válidas e até importantes para mim e/ou para você.
Porém, talvez possamos fazer um pequeno ajuste de perspectiva sob a ótica da autorresponsabilidade. Uma prática bem fundamental e que faz parte da integração da filosofia da comunicação não-violenta em nosso dia-a-dia.
Escolha uma destas frases do exemplo, ou alguma outra que pensou.
Substitua o “Eu tenho que” por “Eu escolho” e, ao final da frase, complemente com “para cuidar da minha necessidade de [nome da necessidade]”.
Exemplo:
– Eu tenho que escrever 3 ou 4 vezes por semana aqui na página da Colibri
– Eu escolho escrever 3 ou 4 vezes por semana aqui na página da Colibri para cuidar da minha necessidade de propósito (me realizo escrevendo), segurança financeira (algumas publicações geram inscrições em nossos cursos, vendas de nossos produtos) e prazer (desde pequeno escrevo, é uma paixão).
Parece simples, e até trivial, realizar essa mudança de perspectiva. Porém, ela é poderosa.
Ao “ter que” que fazer algo, a responsabilidade está fora. Nas coisas. O mundo me leva para onde ele quer levar.
Ao “escolher”, assumimos a responsabilidade por aquilo que fazemos. Temos ainda a possibilidade de revisitar nossas escolhas e entender se faz sentido continuarmos fazendo algo ou podemos escolher outras estratégias para cuidar das nossas necessidades.
– Quer dizer que tudo é responsabilidade minha?
Não. Não isso. Acreditamos na corresponsabilidade, por entendermos que somos seres sociais.
Existe uma troca, quando falamos de relações. Porém, tomar consciência de que podemos fazer escolhas, por mais difíceis que sejam e os impactos não sejam tão agradáveis, devolve o poder em nossas mãos.
Porém, cuidado! Muito cuidado, mesmo. Ao olharmos pra questões envolvendo opressão.
Quando falamos de justiça social e questões complexas e sistêmicas, esse olhar pode ser ainda mais opressor sobre as pessoas.
Nada de falar pra quem está numa situação difícil que “ela pode escolher sair daquilo por conta própria”. Ainda mais se for um sistema de opressão, como questões raciais, de gênero e orientação sexual.
Para casos assim (dentre tantos outros), acreditamos que existe uma complexidade maior a ser considerada. Algo sobre a estrutura da sociedade, que leva pessoas às margens por serem diferentes do que definiu-se (sabe-se lá quando) um “padrão”.
Bem, só esse tema já daria todo um livro, né. Deixamos ao final o link de um texto para quem quiser compreender mais essas questões estruturais, intitulado ‘Aumentando a diversidade nos encontros de comunicação não-violenta’.
Assuma o poder sobre suas escolhas. Esteja mais consciente. Tenha uma vida mais plena.
https://colabcolibri.com/facilitacao-de-grupos/aumentando-a-diversidade-nos-encontros-de-comunicacao-nao-violenta-cnv/