Sentimentos. Eles expressam como nosso mundo interno reage diante de uma situação. São mensageiros que levam informação de dentro para fora.
Aqueles considerados ‘ruins’ (ex: triste, cansado, angustiado, com raiva, confuso) surgem quando temos a percepção que nosso bem-estar diminuiu. Enquanto aqueles considerados ‘bons’ (ex: feliz, contente, animado, esperançoso) surgem quando temos a percepção que nosso bem-estar se mantém ou melhorou.
Nem sempre os sentimentos se manifestam na mesma intensidade. Ou sequer percebemos que se manifestam. Suas expressões variam de acordo com as circunstâncias no momento presente.
E para falar sobre pensamentos, vamos a alguns exemplos. Talvez, você já tenha ouvido ou dito alguma destas frases no decorrer da vida:
Me sinto abandonado | Me sinto criticado | Me sinto valorizado | Me sinto julgado
Cuidado com esta armadilha: dizer ‘me sinto’, por si só, não significa que estamos expressando um sentimento.
Olhe para os quatro exemplos acima. Anote num papel quais sentimentos se escondem por trás de cada uma das frases citadas.
Agora, vamos juntos entender melhor cada uma destas frases:
“Quando acho que você me abandonou, me sinto triste.”– Me sinto criticado.
“Quando acho que você me criticou, me sinto com muita raiva e decepcionado.”– Me sinto valorizado.
“Quando acho que você me valoriza, me sinto feliz e confiante.”– Me sinto julgado.
“Quando acho que você está me julgando, me sinto desconfortável e frustrado.”
Nesse contexto, consideramos que os pensamentos são avaliações que fazemos sobre uma situação, atribuindo valor a elas com base nos filtros de interpretação que temos (Leia mais sobre esse tema na Dica #1).
Os pensamentos normalmente se constroem com base naquilo que ‘eu acho que a outra pessoas fez (está fazendo) comigo’.
Gostamos também de chamá-los de quase-sentimentos, como se fossem o meio do caminho para chegarmos nos sentimentos.
No dia-a-dia, às vezes expressamos uma mistura de sentimentos e pensamentos sem nos darmos conta. Isso reduz a probabilidade de conexão.
Quando dizemos “Me sinto abandonado”, é provável que a outra pessoa escute “Você me abandonou”. Assim, nossa expressão chega como uma crítica e não uma tentativa de comunicá-la a dor presente pela qual gostaríamos de receber empatia. Afinal, estamos falando a partir da culpabilização, entregando o poder sobre o que sentimos nas mãos do outro.
Nesse contexto, pode ser que surjam reações defensivas e acusatórias (nossa e da outra pessoa), que se perpetuam num ciclo que reflete as discussões cotidianas que temos. Ou, em outros casos, um silenciamento e esfriamento das relações com o passar do tempo. Às vezes, relações (afetivas, de trabalho, amizades, familiares) terminam de forma dolorosa e repleta de mágoas.
Nossa proposta é para escolhermos conscientemente nos expressarmos mais a partir do que estamos sentindo e menos do que pensamos que a outra pessoa está fazendo conosco. Esse é um exercício de assumir a responsabilidade pelo que sentimos.
Não é a outra pessoa que me faz sentir de um jeito ou outro. Minha felicidade não é limitada ao tempo que ela me aprecia e nem minha raiva precisa permanecer até ela pedir desculpas. A outra pessoa pode ser o estímulo pelos sentimentos que surgem em mim, mas nunca a causa.
Assumindo o poder sobre nossos sentimentos em nossas próprias mãos, aumentamos a probabilidade de conexão, rumo a relações mais saudáveis, autênticas e satisfatórias.
Vamos praticar?
1. Pegue papel e caneta para fazer o exercício. Sente-se num lugar confortável para você.
2. Encontre uma situação real onde você percebe existir um pensamento confundido com sentimentos. Escreva-a.
Exemplo: “Toda vez é a mesma coisa. Me sinto abandonado por você!”
3. Escreva qual o fato observável por trás dessa situação.
Exemplo: “É o terceiro compromisso do mês que combinamos e ela desmarcou um dia antes.”
4. Investigue e escreva quais sentimentos (e não pensamentos) estão presentes.
Exemplo: “Quando penso que ela me abandonou, me sinto chateado, triste e perdido.”
5. Esse é um exercício de autoempatia e autorresponsabilidade. A partir dessa clareza, podemos encontrar formas mais empáticas para nos expressarmos. Abordaremos sobre isso em próximas dicas. Então, continua acompanhando semanalmente.