Inspire-se! Transforme-se!

O que precisamos é de empatia—até na sauna!

– Tempo de leitura: 4 minutos

Com humor e leveza, a queridíssima Christine King (criadora do Jogo Grok) conta como e onde começou a desenvolver suas habilidades de oferecer empatia para as pessoas. Texto originalmente publicado em inglês em seu blog.

Quando comecei a aprender como fazer palpites empáticos usando as habilidades de Comunicação Não Violenta, parecia estranho, desajeitado e forçado. Quase como se estivesse aprendendo uma língua estrangeira.

Eu verbalizava para meus filhos adolescentes: “Você está se sentindo …?” ou “Você está precisando de …?”, e eles costumavam retrucar (em uma voz um tanto irritada): “Aff, mãe, você está fazendo aquele negócio de CNV de novo? Por favor, pare com isso!”.

Nem é preciso dizer que, se você está querendo praticar suas novas habilidades de Comunicação Não Violenta, a família mais próxima talvez seja o último refúgio. Principalmente crianças adolescentes …

Então, mudei para a segunda melhor opção—a sauna da minha academia!

Dado que as pessoas estão seminuas e são uma espécie de audiência cativa, parecia uma boa aposta. Normalmente, quando apenas algumas pessoas estavam na sauna, uma conversa iniciava e em pouco tempo alguma situação ou crença surgia, o que me oferecia a oportunidade de fazer um palpite empático.

Lembro-me de determinada conversa em que um homem disse, fazendo denotar seu aborrecimento: “Por que é que todas as vezes que venho aqui e quero nadar, aquelas mulheres mais velhas estão tendo suas aulas de hidroginástica?”.

Humm, pensei, o que ele está sentindo e precisando? Então, juntei minha coragem para fazer meu palpite empático. “Você parece desapontado, e imagino que esta seja a única hora em que você consegue vir fazer seu exercício.” Ele olhou para mim meio pasmo e disse: “É”.

Ele continuou: “Isso já aconteceu várias vezes”. Tive que morder a língua para me impedir de dizer: “Por que raios você não confere a grade horária da piscina?” Em vez disso, eu disse: “Deve ser muito frustrante. É uma questão de sua saúde física e bem-estar,” e ele respondeu: “Com certeza. Acho que preciso pegar uma cópia da grade horária da piscina. ”

Às vezes é melhor ajudar as pessoas a encontrarem seu próprio caminho para uma resposta do que simplesmente fornecer uma!

Dar empatia a todos que entravam na sauna, então, virou minha missão, minha busca. Uma pessoa até me perguntou: “Você é terapeuta?” (Eu só tive uma aula de psicologia na faculdade).

O problema era que, depois de cerca de 20 minutos, comecei a ficar com calor e suada demais para continuar minha busca. Esse local tinha um limite de tempo!

No entanto, com a confiança recém-adquirida que desenvolvi naquela sauna, comecei a fazer palpites empáticos em todos os lugares que eu ia—com o caixa do supermercado, os que aguardavam na fila do banco, os frequentadores da feira.

Quando o caixa da loja me perguntou como eu estava, não respondi o típico “OK”, em vez disso, disse: “Na verdade, estou me sentindo sobrecarregada com tudo o que está em meu prato”. Ela respondeu: “Eu também. Parece que muitas pessoas estão estressadas. Eu sou uma delas.” (Oba, outra oportunidade para dar empatia!) “Consigo imaginar que você queira se sentir confortável e à vontade no seu trabalho,” disse eu. “Sim, fica mais difícil ser legal com os clientes quando estou estressada.” Eu respondi: “Parece que você quer oferecer o seu melhor e alegrar o dia de seus clientes”. Ao pé que ela respondeu: “Você acabou de alegrar o meu”.

Essa interação aparentemente simples me deixou tão feliz que praticamente saí flutuando daquela loja, e imagino que ela se sentisse da mesma maneira!

Marshall Rosenberg, o fundador da Comunicação Não Violenta, costumava dizer que uma de nossas maiores alegrias é contribuir para o bem-estar dos outros. Dado o quão estressadas e agitadas as pessoas parecem hoje em dia, dar o presente da empatia pode alegrar a alma de qualquer (e toda) pessoa na sua vida.

Alan Rafael Seid, um colega treinador de CNV, define a empatia da seguinte maneira:

“Empatia é uma necessidade humana universal de ser profundamente compreendido. Podemos pensar nisso como uma compreensão respeitosa ou compassiva. Ao oferecer empatia, incorporamos a qualidade de estarmos completamente presentes com o que está vivo na outra pessoa a cada momento. Portanto, a empatia tem uma qualidade de acompanhar, em vez de liderar.”

No entanto, a maioria de nós se habituou a liderar, em vez de acompanhar, dando algumas das seguintes respostas (que eu poderia facilmente ter dado ao homem na sauna que sentiu que estava impedido de nadar):

⦁ Simpatia – “Lamento que você não consiga nadar.”

⦁ Conselho – “Por que você não vem mais cedo para nadar?”

⦁ Interrogatório – “Existe algum outro tipo de exercício que você possa fazer?”

⦁ Educar – “Você precisa pegar uma cópia da grade horária da piscina.”

⦁ Contar a própria história / colocar-se no centro – “Oh, você acha que isso é ruim, mas eu quebrei meu braço e não pude nadar por quatro meses.”

Ultimamente, tenho ouvido ou lido repetidamente que empatia é a qualidade mais necessária para nos ajudar a superar esses tempos incertos e imprevisíveis. O contato humano parece ser mais precioso do que nunca. Dar aos outros nossa presença plena, escutar profundamente e responder com empatia pode ser o melhor presente que podemos dar nos dias de hoje. É simplesmente um bom remédio.

O mundo parece precisar de muitas coisas hoje em dia, mas talvez mais do que qualquer outra coisa, o que o mundo precisa agora é de empatia.


Tradução livre e com autorização da autora, do artigo “All you need is… empathy”, escrito originalmente em inglês por Christine King. Disponível na íntegra aqui.

Tradução gentilmente oferecida pela Colibri. Ao copiar fragmentos do texto, cite a fonte.

Christine King (tradução por Laura Claessens)
Christine King é treinadora certificada em Comunicação Não Violenta (CNV) e instrutora universitária aposentada que ministrou cursos sobre transformação. Atualmente, a maior parte do tempo é dedicada a ser avó, jardinagem, natação, canoagem, viagens e promoção de empatia com o GROK Games que ela cocriou com a treinadora de CNV, Jean Morrison. Ela mora na área da baía de São Francisco, EUA.
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