Empresas, é hora de mudar!

Grandes poderes exigem grandes responsabilidades

– Tempo de leitura: 3 minutos

Segundo o filósofo Paul Watzlawick, não se pode não influenciar. Toda escolha que fazemos gera um impacto nas pessoas ao nosso redor. Impacto esse que pode, inclusive, ser totalmente diferente da intenção que temos. Veja como exemplo a história do Marcos.

Marcos é um gerente que se considera muito assertivo na forma como se comunica. Dedicou os últimos dois anos a realizar diversos cursos voltados para comunicação e liderança, estando sempre atento às últimas tendências do mercado em como liderar uma equipe rumo ao sucesso. Porém, vive atualmente na empresa uma dicotomia grande em relação ao seu trabalho.

Para os seus gestores, ele tem um talento único para ser sucinto e preciso na sua comunicação, de uma clareza sem igual. Para seus liderados, ele se parece com uma pessoa esnobe e sem capacidade alguma de ouvir o que eles têm a dizer.

Inconformado com essa visão de sua equipe, que não valoriza o conhecimento que ele tem, Marcos não vê outra saída a não ser demitir um ou dois colaboradores que mais reclamam do seu trabalho, como forma de garantir que seja escutado e respeitado pela equipe.

Essa história é mais comum do que se imagina. Pessoas em posição de poder que estão inconscientes de seus impactos tendem a usar a autoridade para fazer valer sua voz, por falta de legitimidade para com seus colaboradores. Esquecem, entretanto, que respeito não se impõe, mas se constrói.

Compreendendo o significado de poder, autoridade e legitimidade

Segundo Julie Diamond, autora de “Power, a User’s Guide”, poder é a nossa capacidade de impactar e influenciar o meio onde estamos inseridos.

Quando pensamos na posição que ocupamos numa organização, ela por si só carrega consigo essa capacidade de impacto e influência de acordo com a estrutura organizacional, que podemos chamar de autoridade. Então, qualquer pessoa que ocupe esta posição tem a possibilidade de reivindicar esta autoridade e usá-la como lhe fizer sentido.

Porém, nem sempre o fato de ocupar esta posição dentro da organização é garantia que a autoridade passa a ser respeitada, como vimos no caso do Marcos. A autoridade precisa ser conquistada perante as pessoas, garantindo assim sua legitimidade. E justamente quando essa legitimidade não existe, mas queremos sustentar a autoridade, corremos o risco de incorrer no abuso de poder. Voltemos à história do Marcos.

Marcos se considerava apto para assumir a liderança de uma equipe. Acreditava que tinha as qualificações técnicas e conhecimento necessários. Tinha a confiança de seus superiores. E por ocupar a posição de gerente, tinha a autoridade conferida por ela.

A percepção da sua equipe não condizia com a imagem que tinha de si mesmo. Por mais que ele ocupasse a posição de gerente, era visto como alguém que o tempo inteiro buscava se vangloriar dos diplomas que tinha e usar o conhecimento acadêmico como forma de silenciar as pessoas. Quanto mais buscava provar que estava certo sobre um assunto, menos se dispunha a escutar as contribuições de sua equipe.

Legitimidade se conquista na relação; e é uma construção

Marcos tinha adquirido muito conhecimento em seus cursos de liderança e comunicação. Sabia muito bem como falar e delegar, era um exímio conhecedor de técnicas de persuasão e gestão. Porém, lhe faltava sensibilidade para escutar e se empatizar com os outros. Sua equipe precisava um líder que facilitasse seu trabalho, não que se colocasse como professor e senhor da razão.

Líderes que precisam se valer da sua posição para receber respeito e obter legitimidade podem facilmente cruzar o limiar do abuso de poder e incorrer em assédio moral e outras violências.

Para a legitimidade surgir é importante investir na construção da relação. E essa construção passa pela compreensão das necessidades de sua equipe, conhecê-las. E não apenas tê-las como um recurso necessário para atingir seu resultado.

Legitimidade é algo conquistamos ganhando o respeito dos outros. Pessoas não nos obedecem porque nós somos líderes; nós somos líderes quando pessoas nos seguem. E respeito não pode ser tomado a força, ele precisa fluir livremente do coração daqueles que nos seguem. Do contrário, estamos apenas exercendo coerção e autoritarismo.

Numa escala que varia entre poder pelo autoritarismo e poder pela legitimidade, onde você, gestor, se encontra diante de sua equipe? E onde você, liderado, enxerga seu gestor?

Já dizia o tio Ben:

Grandes poderes exigem grandes responsabilidades.

Texto de Sérgio, publicado anteriormente em sua coluna no UOL ECOA.

Sergio Luciano
Um mineiro que gosta de conversar, aprender com o cotidiano e escrever. Investiga psicologia junguiana, comunicação não violenta, poder, privilégio, democracia profunda, dentre outros temas, para tentar entender um pouco mais esse negócio de relacionar-se com o diferente.
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