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Como lidar com o tio do pavê, o sobrinho porco e a prima fofoqueira

– Tempo de leitura: 6 minutos

Para muitos, as festas de final de ano são menos um momento de alegria e emoção e mais uma época marcada por provocações e decepções. Além do amor e do carinho que possamos sentir, as reuniões familiares também podem trazer à tona velhas mágoas ou expor diferenças dolorosas.

Misture tudo isso com o clima político de hoje, a pressão social para gastar demais, e o estresse e a correria atrelados às festividades. Assim, estar com a família durante a virada de ano pode muitas vezes ser o cenário de conflito, em vez de contentamento. Além de lidar com aquelas pessoas difíceis que toda família parece ter, o aspecto das reuniões familiares que pode ser o mais problemático é cair novamente nos papéis que ocupamos dentro da família desde a infância.

Como navegar esses encontros da melhor maneira possível?

Neste texto, compilamos as perspectivas de três pessoas experientes na CNV. Continue lendo e descubra:

  • Ao que (não) dar ouvidos, por Marshall Rosenberg
  • Exemplos práticos, por Lisa Gottlieb
  • Mais dicas de comunicação para sobreviver às festas, por Oren Jay Sofer

Ao que (não) dar ouvidos

Marshall Rosenberg, do seu jeito piadista porém sério, dá recomendações francas para nos ajudar a manter nossa compaixão viva, mudando nosso pensamento.

Se você quiser aproveitar sua vida, especialmente durante situações de alto estresse, recomendo fortemente que você nunca ouça o que outra pessoa pensa.

Acho que você aproveitará melhor a vida e gostará muito mais das outras pessoas se seguir esta regra. Principalmente, nunca ouça o que eles pensam de você. Principalmente isso.

Mas se você realmente insiste em tornar a vida miserável para si mesmo, faça o seguinte: pense no que você é. Pense, por exemplo, se você é normal ou anormal. Adequado ou impróprio. Atraente ou feio. Inteligente ou estúpido.

Cada segundo que você passa pensando em si mesmo, no que você é, prevejo que você não aproveitará muito a vida. Então, se você realmente quer ser infeliz, passe momentos de sua vida pensando no que você é.

Mas se você é realmente masoquista e quer ir ainda mais longe, pense no que as outras pessoas são. Quando familiares ou amigos estão conversando, pense em sua mente, “uau, eles falam demais.” Quando alguém fizer um comentário, diga a si mesmo: “isso foi impróprio” ou “eles são realmente rudes” ou mesmo “eles são muito mais legais do que qualquer outra pessoa da minha família”.

E então, a maneira mais maravilhosa de tornar sua vida miserável para si é pensar no que as outras pessoas pensam de você. Na próxima reunião familiar, ouça com atenção cada comentário sobre seu trabalho, seus filhos, sua roupa, sua casa, até mesmo a comida que você preparou. Isso com certeza tornará a vida miserável para você.

Por que ir a um lugar feio, quando a verdade por trás de todos esses julgamentos e avaliações é bela? Por que ouvir o que uma pessoa pensa de você quando a verdade—aquilo que está vivo nela para além das palavras que ouviu—é uma mensagem da qual você pode realmente desfrutar?

Portanto, nunca ouça o que as pessoas pensam de você. Em vez disso, ouça o que eles estão sentindo e precisando no momento em que expressam esses pensamentos. Será melhor para você e para a outra pessoa. Isso porque, ao ouvir seus sentimentos e necessidades, você encontrará alegria contribuindo para o bem-estar deles. E, claro, você se sentirá muito menos estressado por não perder momentos de sua vida presos no que as pessoas pensam de você.

Exemplos práticos

Na mesma linha que Marshall Rosenberg, Lisa Gottlieb sugere que tenhamos empatia por nós mesmos (autoempatia), enquanto consideramos as experiências de outras pessoas para que possamos construir conexão e compreensão (empatia silenciosa com o outro). A seguir, ela ilustra como fazer isso de maneira prática.

Primeiro passo: quando sua mente conta uma história negativa sobre alguém, use essa crítica como base para imaginar o que a pessoa pode estar desejando e que ela não tem.

Exemplo 1

Crítica: O primo Billy fala muito alto. Ele está sempre interrompendo, monopolizando a conversa e se gabando.

Imagine como seria para Billy: Pode ser que Billy se sinta solitário e inseguro.

Necessidade não atendida: Billy talvez deseje ser respeitado e visto por seus esforços.

Exemplo 2

Crítica: Tia Claire é crítica e egoísta. Ela sempre tem algo ruim a dizer sobre pessoas diferentes dela—e pior, ela é uma intolerante!

Imagine como é a vida de Claire: Ela não tem muita experiência de vida, além do convívio com seus amigos de cidade pequena. Talvez ela esteja assustada e preocupada.

Necessidade não atendida: Claire talvez deseje saber se está segura e protegida na presença de pessoas que ela percebe como diferentes.

Segundo passo: identifique necessidades comuns

Uma vez que imaginamos como é a vida para outra pessoa, passa a ser mais fácil imaginar o que ela pode estar almejando, como respeito, conexão, segurança, previsibilidade e cuidado. Assim, é possível perceber que você tem as mesmas necessidades da pessoa que está criticando, mas está usando estratégias diferentes para atender a essas necessidades. Quando você entende que todos os seres humanos têm as mesmas necessidades, fica mais fácil se relacionar com outras pessoas. A CNV pode não funcionar para todas as pessoas em todas as situações, mas é uma maneira de trazer mais paz para você e mais conexão com os outros durante as férias com sua família.

Mais dicas de comunicação para sobreviver às festas

Em vez de temer a refeição em família, ranger os dentes e suar muito, Oren Jay Sofer compartilha seis dicas para conversas mais significativas e saudáveis ​​durante as festas de final de ano.

1. Defina suas intenções

Um dos ingredientes mais transformadores em uma conversa é a intenção, a inclinação ou motivação que nos impele a falar ou agir. Quando partimos de intenções saudáveis, como paciência, gentileza ou curiosidade, é mais provável que respondamos de uma forma benéfica em vez de reagir impulsivamente.

Reserve algum tempo para refletir sobre suas intenções antes de se reunir com a família ou amigos. Como você deseja se envolver? Você está fortemente comprometido com esses valores? Você pode sentir a força disso em seu corpo?

2. Mantenha os pés no chão

Estar presente é um pré-requisito para conversas eficazes. Sem consciência, estamos apenas operando no automático! Uma maneira de ficar presente durante uma conversa, e especialmente em momentos desafiadores, é sentir o peso do seu corpo. Sinta seus pés no chão, o calor em suas mãos ou o contato com a cadeira. Sentir o peso do nosso corpo e seu contato com o chão pode nos ajudar a nos mantermos ancorados quando as coisas esquentam.

3. Pratique frases-chave

Quantas vezes você já pensou na coisa perfeita para dizer horas (ou dias) depois de uma discussão ou momento tenso? Em vez de congelar ou voltar aos velhos hábitos quando surge algo desafiador, pratique algumas frases-chave com antecedência. Com base na experiência anterior, considere onde você pode ficar travado e anote algumas frases possíveis de usar se algo semelhante acontecer. Por exemplo:

  • Para ganhar mais tempo: “Deixe-me pensar um pouco sobre isso …”
  • Para recusar-se a comentar: “Isso é importante e prefiro falar sobre isso outra hora. O que te parece se nós…?”
  • Para pausar uma conversa: “Isso é muito intenso para mim. Vamos dar uma pausa neste tópico um pouco.”
  • Para mudar de assunto: “Adoraria acima de tudo poder desfrutar da companhia um do outro esta noite. Que tal falarmos sobre…”

4. Procure ouvir o que importa

Outra forma importante de aliviar as tensões e reverter uma conversa é ficar curioso. Em vez de se concentrar nas coisas das quais você discorda, tente mostrar interesse.

A CNV (e muitas formas de psicologia e ciências sociais) ensina que, no fundo, todos os seres humanos compartilham as mesmas necessidades básicas e fundamentais. Todos nós queremos ser felizes, ser compreendidos, ter significado. O conflito ocorre no nível de nossas estratégias—nossas ideias sobre como atender às nossas necessidades. Quando identificamos o que realmente importa, nossas semelhanças superam nossas diferenças e encontramos humanidade compartilhada.

Pratique ouvir essa camada mais profunda de significado e experiência humana. Por trás das visões e opiniões, o que é importante para essa pessoa? Procurar ouvir genuinamente os valores de outra pessoa pode ajudar muito a estabelecer conexão com ela.

5. Defina limites com cuidado

Manter a paz tem valor, e é importante saber seus limites. Às vezes, expressar sua opinião/fazer ouvir sua faz/dizer o que está em sua mente é o mais autêntico ou necessário que pode fazer.

Podemos interpelar ideias que acreditamos serem perigosas, palavras ásperas ou ações prejudiciais, sem degradar ninguém. Em vez de culpar, diagnosticar ou rotular alguém, fale com o coração sobre o que é importante para você. “Estou bastante chateado com o que você está dizendo. Esses tipos de generalizações podem levar a violência terrível, e eu quero que todas as pessoas sejam vistas por quem são, em vez de serem definidas pela sua … (nacionalidade, cor da pele, gênero, orientação sexual, habilidade …).” Ao expressar seus próprios sentimentos e necessidades, você pode minimizar o conflito quando ele surgir.

6. Mantenha seus objetivos modestos

Por último, deixe de lado o resultado. Pode haver grande valor em uma conversa crítica, mas considere se essa reunião familiar é o momento e o lugar adequado para uma troca significativa!

Além do mais, tentar mudar a mente de outra pessoa raramente possibilita um diálogo real. Em vez disso, concentre-se em como você está conversando. Você está incorporando seus valores, independentemente do comportamento da outra pessoa? Embora seja improvável que você resolva as questões urgentes do mundo durante o jantar, você talvez possa aprofundar seu vínculo com um parente se conseguir encontrar uma maneira de realmente escutá-lo e compartilhar ideias. No final das contas, procurar interagir com cuidado e respeito é mais eficaz, muitas vezes, do que querer usar as palavras certas.

Boas festas!


Fontes consultadas:

Crédito da imagem: YouTube

Texto gentilmente oferecida pela Colibri. Ao copiar fragmentos do texto, cite a fonte.

Laura Claessens
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